A Visão religiosa de Karl Marx

16/06/2011 19:18

A VISÃO RELIGIOSA DE KARL MARX: A APOSTA DO ATEISMO SOCIOLÓGICO.

 

 INTRODUÇÃO:

Quem foi Karl Marx e o que significa marxismo? Por que Marx denomina a religião como o “ópio do povo”?  Por que Marx abandonou a religião judaico-cristã e assumiu uma posição ateísta? Quem foi seu maior influenciador? Essa é a proposta deste trabalho. Determinar os pressupostos da doutrina marxista no que diz respeito a religião em si. Mostrar que em alguns aspectos Marx tinha razão em criticar a religião, que naquele período tomara rumos diametralmente opostos ao verdadeiro ideal cristão, e ao mesmo tempo expor os erros da proposta marxista para criar uma sociedade sem classes e perfeita.

 

KARL MARX: UMA BREVE BIOGRAFIA.

 

Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Tréveros, província alemã do Reno. Em julho de 1836, Marx matriculou-se na universidade de Berlim, capital da Prussia. Em Berlim se integra ao Clube dos doutores da esquerda hegeliana. Nascido judeu, educado na religião cristã (protestante), tornou-se ateu, por influencia dos freqüentadores do clube. Marx casou-se na igreja luterana e sua mulher, além de cuidar da casa e dos filhos, ajudava-o na redação do jornal, do qual era chefe. Karl Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. Karl Marx escreveu as seguintes obras: A Sagrada Familia e Ideologia Alemã (1845), A Miséria da Filosofia (1847), Manifesto Comunista (1848) e O Capital em (1867). Marx era ateu muito antes de ser comunista. Karl Marx morre em 14 de março de 1883 aos 64 anos.

 

OS INFLUENCIADORES DE MARX.

Na Prussia a doutrina de Hegel tornou-se ideologia oficial. Marx teve influência hegeliana. “[1]Marx aprendeu de Hegel a interpretação dialética da historia, a essência social do homem, a sigficação do fator trabalho para sua autocompreensão e o reconhecimento da alienação. Aceitou de Hegel não só o profundo sentido pela história, mas tambem o carater totalizante e totalitário de seu sistema.” Contudo, posteriormente Marx veio a criticá-lo por considerá-lo um filosofo contemplativo. Rejeitou o idealismo hegeliano, substituindo-o pelo materialismo. Neste ponto predominou a influencia de Feuerbach. Para este filosofo, segundo Marx, a filosofia é a religião formulada em pensamento e realizada de maneira pensante. Em Feuerbach, Marx encontra o verdadeiro mateialismo, a base para o socialismo materialista. Feuerbach, tambem sofre severas criticas de Marx. Se para Marx, Hegel era contemplativo e abstrato, Feurbach não tinha atitude revolucionária da praxis. Isso significa que em primeiro lugar o homem não é “consciência” mas ser, matéria, corpo. Seu mundo não é o abstrato e sim o mundo das relações sociais concretas.

 

MARXISMO: A IDEOLOGIA MARXISTA

 

O MARXISMO é “uma visão otimista dos destinos da humanidade, acreditando ser possível que na batalha final, os operários venceriam os capitalistas por serem maioria na sociedade. Com a vitória do proletariado se construiria um mundo ideal, onde as diferenças de classe tenderiam a desaparecer, e a igualdade seria estabelecida entre os homens. Em seu Manifesto Comunista de 1848, afirma que: os proletários nada têm a perder, a não ser seus grilhões. E têm um mundo a ganhar.” Marx tenta ser uma espécie de profeta querendo prever o futuro. Não seria o seu marxismo uma forma de religião? Marx previa que isso aconteceria nos países industrializados, no entanto aconteceu nas regiões rurais, como na China por exemplo.

Marx situa o homem historicamente dentro do grande processo das necessidades sociais. Urbano Zilles descreve esse fato da seguinte maneira:

“(...) [2]Marx analisa a emancipação humana como questão social do ponto de vista econômico, político e ideológico, não como problema do individuo, e sim de classes. Marx exige mudança de atitude em relação à pratica política. Espera a transformação através da revolução social. Apela à classe operaria ou proletária para a luta política, luta de classes, luta de proletariado explorado contra a burguesia exploradora.”

 

O CONCEITO DE RELIGIÃO EM MARX

 

Para Karl Marx religião é alienação. É uma forma de iludir a mente do homem, mostrando-lhe as venturas celestes para encobrir a miséria e a opressão, que é a realidade humana.

O conceito de religião em Marx é a alienação. Esta alienação deve ser esclarecida “a partir da situação histórico-social concreta.” Para Marx a alienação não é o fundamento da religião, mas o resultado. E esta alienação esta na condição social e econômica das classes menos favorecidas que são exploradas pelas classes dominantes, ricas. Marx acredita que se essas barreiras de classes sociais e econômicas forem destruídas, automaticamente a religião também o será. Pois para ele a religião é subproduto de classe. Para Marx “são as estruturas econômicas que geram a falsa consciência, que é a religião.”

Marx diz que a “religião apenas oferece a libertação espiritual do homem, a libertação imaginária e ilusória.” É desta maneira que a religião age como “calmante” como o “ópio do povo”. Segundo ele a “religião hipnotiza os homens com a falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta”

Segundo Marx, na alienação religiosa, “o homem projeta para fora de si, de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um mundo transcendente. Para ele a religião nada mais é que a projeção do ser do homem num mundo ilusório. Insiste que a religião nasce da convivência social e política perturbada dos homens.”

Por isso, segundo Marx, para libertar o proletariado e a humanidade da miséria, é preciso destruir o mundo que gera a religião. Marx conclui que “sendo a religião o reflexo espiritual da miséria real do homem numa sociedade opressora, a superação da religião não se dará só pela critica intelectual. A luta contra a religião tem seu aroma espiritual. É a imagem falsa do mundo. A critica do céu torna-se a critica da terra. Para eliminar a alienação religiosa é preciso eliminar todas as condições de miséria que a originam.” Se se muda a infra-estruturara socioeconômica e política, o homem não precisará nem da religião e nem de Deus.

 

UMA POSIÇÃO CRITICO-TEOLOGICA À CRITICA DE MARX.

 

1)            – É fato que as previsões de Marx falharam em muitos aspectos. E constatou-se ao longo da história que é possível a melhoria do proletariado sem a revolução. Veja por exemplo as organizações sindicais e os movimentos pacíficos organizados pelas classes operárias.

 

2)            A crítica de Marx deve ser vista como uma critica do cristianismo burguês de sua época. É um prisioneiro do seu próprio conceito restritivo de ideologia. Na cabeça de Marx o cristianismo para ser verdadeiro deveria ser reacionário e sabemos que esse não é o espírito do cristianismo.

 

3)            Fatores psicológicos sobre religião e o conceito de Deus não permitem concluir a existência ou a não existência de Deus. Da mesma forma a indiscutível influencia de fatores econômicos sobre religião e o conceito de Deus não permite concluir a existência ou não existência de Deus.  Assim “o ateísmo de Marx, anterior a toda a sua crítica socioeconômica, não é mais que uma hipótese, um postulado não provado, uma reivindicação dogmática.

 

 

4)            Marx vê o mal só fora do homem, na estrutura social e econômica. É, certamente, muito ingênuo quanto a sua própria estrutura ontológica. Não percebe a alienação ontológica como fundamento de todas as demais.

 

Mais uma vez a palavra com Urbano Zilles:

 

A religião e as igrejas foram objeto de terror do partido e da repressão. Impôs-se a educação atéia nas escolas, conservou-se a legislação stalinista contra a religião. O ateísmo é matéria obrigatória nas universidades. A doutrina religiosa é rigorosamente proibida. Seminários foram fechados. Tudo isso em nome dos direitos humanos e da liberdade. Apesar de todo tipo de terror na perseguição religiosa, informações dizem que um terço da população russa continua dizendo-se cristã (ortodoxa) e um quinto da população adulta atual é cristã praticante. Quem faz uma aposta arrisca a possibilidade de perder o jogo. Nada indica até o presente, que Marx ganhou sua aposta.” (filosofia da religião p.132).

 

CONCLUSÃO:

 

 Acredito que o cristão pode ser socialista, mas para ser cristão não precisa ser socialista. Um ponto positivo da crítica de Marx fica para nós cristãos: o fato de despertamos para as questões sociais no mundo em que vivemos, de lutarmos por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa. Mas para isso não precisamos da autoridade de Marx, pois temos a de Cristo e a regra de fé e pratica que é a Palavra de Deus.

 

REFERÊNCIAS

 

ZILLES, Urbano. Filosofia da Religião,São Paulo, Ed. Paullus. 1991

WWW.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2476.html.

 



[1] ZAILES,Urbano, filosofia da religião,p.121,122, Paullus, São Paulo, 1991

[2] 0p. Cit p. 126